segunda-feira, julho 28, 2003
As moscas que se alimentam dos mortos...
Robert Fisk, o correspondente no Oriente Médio do The Independent e um dos ídolos deste que vós fala lançou uma pergunta a Tony Blair no ano passado. Ele perguntou ao Primeiro-Ministro do Reino Unido se ele já tinha visto as moscas que se alimentam dos mortos numa guerra. Porque para Fisk a guerra é um evento tão, mas tão cruel que somente as pessoas que nunca viu uma in loco pode defendê-la. Isso explica por quê os veteranos de guerra nos Estados Unidos formaram uma forte oposição à intervenção americana no Iraque e por quê os tais dos falcões que no Governo Americana defendem uma postura militar agressiva na verdade fugiram do serviço militar na juventude.
A guerra é uma das mais cruéis manifestações humanas. Cenas de pessoas sendo mortas pela peste, pela inanição ou por balas são cenas comuns, você pode ser morto de uma hora para outra e de uma hora para outra você pode perder tudo o que têm num bombardeio. Tão sangrenta e suja como ela pode ser.
No entanto, em filmes, histórias em quadrinhos, video-games ou mesmo em jornais, a visão da guerra é extremamene asséptica. Limpa. Seja nos filmes do Rambo ou nas histórias em quadrinhos com super-heróis a visão é incrivelmente limpa. Dá impressão que a Segunda Guerra Mundial, um dos mais sangrentos conflitos da História, foi uma simples brincadeira. Fisk acha que se as televisões mostrassem a guerra em sua total crueldade, como as cenas de cães selvagens devorando mortos iraquianos que ele presenciou em Basra com uma equipe da ITV, NINGUÈM jamais apoiaria uma guerra. E ele acha que é por isso que as televisões nunca fazem isso.
O mais bisonho disso tudo são as banalizações feitas em cima da guerra por pessoas que NUNCA a viram de perto. Por exemplo, virou lugar-comum criticar a posição francesa durante a Segunda Guerra Mundial, como se os franceses fossem um bando de maricas. Já vi um americano dizer num fórum que os franceses nunca tinham vencido uma guerra sozinhos(Sinal que ele deve ser republicano parente do Bush, já que se esqueceu da Guerra dos Cem Anos). Oras, ter seu território invadido por tropas inimigas é uma situação horrenda. E que os franceses conhecem muitíssimo bem. Não é uma situação como uma partida de Wolfenstein 3D ou o filme do Rambo: é algo muito sério. Tais brincadeiras acabam se mostrando absurdamente ridículas: uma bando de moleques que nunca viram uma bala na vida numa demonstração de desprezo pelos franceses mortos em combate.
Outra banalização, talvez ainda pior, seja a que ocorre com o nazismo. Um dos regimes mais sanguinários e brutais que já pisaram na face da Terra é transformado em uma forma de insulto comum, como se fosse a sogra de alguém. Alguns direitistas histéricos conseguem relacionar o PT com o nazismo. Para alguns esquerdistas histéricos, tudo que seja autoritário vira nazista. Não raro inclusive judeus sionistas enxergam nazismo em tudo o que é canto: seja em regimes que governam países árabes, seja no sei lá o quê. É uma ofensa à memória dos milhões de judeus, eslavos, ingleses, franceses, russos, escandinavos, americanos ou mesmo alemães que morreram na mão dos nazistas que nazismo tenha virado um termo tão trivial.
Guerra não é video-game, não é um jogo, não é um filminho do Rambo. Pessoas morrem em guerras, pessoas perdem tudo em guerras. É coisa séria, não é brincadeira. E aqueles que nunca estiveram numa guerra deveriam respeitar a memória daqueles que morreram numa. E daqueles que ainda sofrem por causa de guerras. E a maneira fria em que muitos militaristas(como os defensores da Guerra ao Iraque) falam denota uma ingenuidade imensa.

Robert Fisk, o correspondente no Oriente Médio do The Independent e um dos ídolos deste que vós fala lançou uma pergunta a Tony Blair no ano passado. Ele perguntou ao Primeiro-Ministro do Reino Unido se ele já tinha visto as moscas que se alimentam dos mortos numa guerra. Porque para Fisk a guerra é um evento tão, mas tão cruel que somente as pessoas que nunca viu uma in loco pode defendê-la. Isso explica por quê os veteranos de guerra nos Estados Unidos formaram uma forte oposição à intervenção americana no Iraque e por quê os tais dos falcões que no Governo Americana defendem uma postura militar agressiva na verdade fugiram do serviço militar na juventude.
A guerra é uma das mais cruéis manifestações humanas. Cenas de pessoas sendo mortas pela peste, pela inanição ou por balas são cenas comuns, você pode ser morto de uma hora para outra e de uma hora para outra você pode perder tudo o que têm num bombardeio. Tão sangrenta e suja como ela pode ser.
No entanto, em filmes, histórias em quadrinhos, video-games ou mesmo em jornais, a visão da guerra é extremamene asséptica. Limpa. Seja nos filmes do Rambo ou nas histórias em quadrinhos com super-heróis a visão é incrivelmente limpa. Dá impressão que a Segunda Guerra Mundial, um dos mais sangrentos conflitos da História, foi uma simples brincadeira. Fisk acha que se as televisões mostrassem a guerra em sua total crueldade, como as cenas de cães selvagens devorando mortos iraquianos que ele presenciou em Basra com uma equipe da ITV, NINGUÈM jamais apoiaria uma guerra. E ele acha que é por isso que as televisões nunca fazem isso.
O mais bisonho disso tudo são as banalizações feitas em cima da guerra por pessoas que NUNCA a viram de perto. Por exemplo, virou lugar-comum criticar a posição francesa durante a Segunda Guerra Mundial, como se os franceses fossem um bando de maricas. Já vi um americano dizer num fórum que os franceses nunca tinham vencido uma guerra sozinhos(Sinal que ele deve ser republicano parente do Bush, já que se esqueceu da Guerra dos Cem Anos). Oras, ter seu território invadido por tropas inimigas é uma situação horrenda. E que os franceses conhecem muitíssimo bem. Não é uma situação como uma partida de Wolfenstein 3D ou o filme do Rambo: é algo muito sério. Tais brincadeiras acabam se mostrando absurdamente ridículas: uma bando de moleques que nunca viram uma bala na vida numa demonstração de desprezo pelos franceses mortos em combate.
Outra banalização, talvez ainda pior, seja a que ocorre com o nazismo. Um dos regimes mais sanguinários e brutais que já pisaram na face da Terra é transformado em uma forma de insulto comum, como se fosse a sogra de alguém. Alguns direitistas histéricos conseguem relacionar o PT com o nazismo. Para alguns esquerdistas histéricos, tudo que seja autoritário vira nazista. Não raro inclusive judeus sionistas enxergam nazismo em tudo o que é canto: seja em regimes que governam países árabes, seja no sei lá o quê. É uma ofensa à memória dos milhões de judeus, eslavos, ingleses, franceses, russos, escandinavos, americanos ou mesmo alemães que morreram na mão dos nazistas que nazismo tenha virado um termo tão trivial.
Guerra não é video-game, não é um jogo, não é um filminho do Rambo. Pessoas morrem em guerras, pessoas perdem tudo em guerras. É coisa séria, não é brincadeira. E aqueles que nunca estiveram numa guerra deveriam respeitar a memória daqueles que morreram numa. E daqueles que ainda sofrem por causa de guerras. E a maneira fria em que muitos militaristas(como os defensores da Guerra ao Iraque) falam denota uma ingenuidade imensa.