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sexta-feira, setembro 23, 2005

 
Região
São José

Linha Férrea
Trilho de trem resiste ao progresso no Vale
Prefeituras procuram alternativas para contornar os problemas de trânsito causados pela malha ferroviária
Alexandre Alves
Especial para o ValeParaibano

As 14 cidades do Vale do Paraíba cortadas pelos trilhos da RFFSA (Rede Ferroviária Federal S/A) passam por cima --ou por baixo-- da estrada de ferro por meio de túneis e viadutos para contornar os problemas de trânsito causados pela linha férrea.

Como mudar os trilhos de lugar é muito caro, a construção de túneis e viadutos ainda é a solução mais barata para contornar problemas de planejamento e de trânsito causados pela malha ferroviária.

Ao todo, a rede ferroviária se estende por 180 quilômetros ao longo do Vale do Paraíba, entre Queluz e Jacareí --cidade que retirou 800 metros de trilhos do centro em 2004.

"A estrada de ferro é uma barreira dentro das cidades. Aqui, quando foi construída, ela tratou de criar uma segregação social dividindo o município entre pobres e ricos", disse o diretor do Departamento de Transportes, Carlos Eugênio Monteclaro César Júnior.

Para evitar interrupções no trânsito de até 40 minutos, João Bosco Nogueira, secretário do Desenvolvimento da Prefeitura de Pindamonhangaba, defende o rebaixamento da rede ferroviária na região central da cidade.

Ambicioso, o projeto prevê a mudança do pátio de manobra da rede para a estrada de Moreira César, construção de seis pontilhões e transformação da estação ferroviária em uma praça, com direito a bulevar de 1.000 metros.

"É preciso analisar se o projeto é tecnicamente viável, para depois sair atrás de recursos e parcerias", afirmou Nogueira.

Em Caçapava, os problemas causados no trânsito levaram a prefeitura a reivindicar do governo federal a construção de um túnel debaixo dos trilhos ferroviários.

MUDANÇAS - "Estudamos ainda mudanças nos semáforos nas ruas próximas aos cruzamentos, para que se agilize o tráfego enquanto as passagens estiverem fechadas", afirmou André Luis Frederico, diretor de Trânsito de Caçapava.

Segundo ele, o trânsito chega a ficar parado por até uma hora e meia em Caçapava quando os trens precisam manobrar no pátio da estação.

Em Lorena, cujos cruzamentos ferroviários limitam os acessos à região central e a vários bairros, o diretor de Trânsito Marcelo Pazzini disse que a demora para liberar o tráfego pode causar problemas com ambulâncias e veículos de emergência.

Os administradores concordam, contudo, que a região do Vale do Paraíba precisa desenvolver projetos de transporte de passageiros pela rede ferroviária.

"Meu sonho é ver um metrô de superfície cortando o Vale e levando estudantes e trabalhadores para todas as cidades da região", disse Rubens Fernandes, assessor de Indústria e Comércio de Guaratinguetá.

A faxineira Mônica Aparecida Alves, 27 anos, que mora ao lado da linha do trem desde que nasceu, disse que ela e sua família já se acostumaram com o barulho e a trepidação provocados pelo trem.
Thiago Leon/VP
Adriano Pereira
Pedro Ivo Prates

Alex Brito

Alex Brito

FRASE

Já me acostumei com o trem passando ao lado de casa todos os dias. Mas quando ele está atrasado, e passa mais depressa, faz tremer toda a minha casa, derrubando panelas, pratos e copos da cozinha. É um barulhão

Da faxineira Mônica Aparecida Alves, 27 anos, vizinha da linha do trem em Guaratinguetá