sexta-feira, novembro 02, 2007
SP admite erro em registro de roubo a banco
Estatísticas oficiais do governo registraram menos da metade dos casos apontados pela Febraban; secretário mandou revisar dados
Marzagão nega que os números tenham sido manipulados para baixar as estatísticas e crê em falha nos distritos policiais
DO "AGORA"
DA REPORTAGEM LOCAL
"Temos fortes indícios de que esses índices [do governo] não estejam corretos", afirmou o secretário da Segurança Pública, Ronaldo Marzagão.
Ele disse ontem que determinou que todos os números de roubo a banco divulgados desde 2004 fossem revisados. O governo paulista divulga esses dados desde o quarto trimestre de 2004.
O crime de roubo a banco registra uma tendência de crescimento, mas o governo paulista nega que os números tenham sido manipulados para baixar as estatísticas.
Pela contabilidade da secretaria, foram 67 roubos a banco na capital paulista em 2005 e 122 em 2006. Os números da Febraban são bem maiores: 193 ocorrências na cidade de São Paulo em 2005 e 274 casos no ano passado. Nessa comparação, 278 roubos a banco ficaram de fora das estatísticas.
As maiores diferenças foram registradas no primeiro e no terceiro trimestres de 2006. Entre janeiro e março do ano passado, ocorreram 77 roubos, segundo a Febraban, mas a secretaria só computou 29.
Entre junho e setembro, foram 81 ocorrências apontadas pela federação, enquanto o governo só divulgou a existência de 47 episódios.
Mas a diferença entre os números oficiais e os dados do setor bancário pode ser ainda maior. Segundo a assessoria de imprensa da Febraban, as instituições bancárias não são obrigadas a fazer o registro do roubo na federação e casos podem ter ficado de fora.
A Febraban salientou também que as instituições bancárias fazem o registro de todos os casos na polícia e não soube informar o motivo da diferença dos números.
Marzagão tentou afastar a possibilidade de o erro ter sido cometido pela CAP (Coordenadoria de Análise e Planejamento), órgão ligado ao gabinete do secretário que organiza os dados criminais.
Segundo o secretário, a probabilidade maior é de que a falha tenha ocorrido na origem: os distritos policiais. "O equívoco, se confirmado, foi cometido na fonte, de quem mandou a informação", afirmou.
Marzagão, porém, não determinou a reavaliação das estatísticas de outros crimes porque, segundo ele, não há informações reais de que esses números tenham sido adulterados. "Se essa hipótese for levantada, também posso determinar essa avaliação."
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