quinta-feira, dezembro 06, 2007
Governador disse que ensino tem problemas no país todo; De acordo com ele, não cabe fazer um "Fla-Flu partidário"
Brasil ficou nas últimas posições em teste de leitura, matemática e ciência; São Paulo não atingiu nem a média nacional
Robson Ventura/Folha Imagem | José Serra em etapa final de competição de matemática em SP |
FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL
O governador José Serra (PSDB-SP) afirmou ontem que o ministro da Educação do governo Lula, Fernando Haddad, fez uso político dos dados do Pisa, avaliação internacional da qualidade de ensino.
O exame apontou que o Brasil ficou nas últimas posições nas três habilidades avaliadas (leitura, matemática e ciências). E que São Paulo não atingiu nem a média nacional.
Anteontem, Haddad disse: "Com exceção do Distrito Federal, São Paulo é a maior renda per capita do país. Era de se supor que pudesse trazer as médias nacionais para cima".
Ontem, Serra rebateu: "[Para o resultado] não cabe nem prognóstico nem Fla-Flu de natureza partidária como fez o ministro. A questão é muito séria no plano da educação, e a gente precisa trabalhar todo mundo junto nisso".
O tucano disse ainda que "o ministro da Educação não leu direito o estudo. Ele devia ver que as margens de erro são muito elevadas. Por outro lado, São Paulo [representa] apenas 11% do total [da amostra], não daria para puxar [a média]".
Serra admite, porém, que é necessário melhorar a qualidade do ensino em "São Paulo e no país". "O ensino médio tem problemas no país inteiro".
Ministro da Educação na gestão FHC, Paulo Renato Souza também criticou Haddad. "A situação é ruim, mas de nada ajuda ficar tergiversando sobre os dados e botando a culpa em A ou B." Questionou ainda aspectos técnicos. "A amostra do Pisa [9.295 estudantes] não é suficiente para representar cada Estado. O Saeb [exame federal], por exemplo, é feito com uma amostra de 300 mil [na última edição, foram 195 mil]."
O relatório internacional do Pisa traz apenas dados dos países. Quem divulgou os dados por Estado foi o MEC.
Instantes após Serra dizer que "a gente precisa trabalhar junto" na educação, a titular da pasta no Estado, Maria Helena Guimarães de Castro, disse que não é prioridade de São Paulo aderir ao Plano de Desenvolvimento da Educação, do MEC.
O governo pretende, com o plano, melhorar os índices de qualidade. Para isso, conta com a adesão de Estados e municípios a um programa unificado.
Ela afirmou que ações da secretaria, como mudanças no currículo e aplicação de uma avaliação própria (Saresp), não tem deixado tempo livre para a análise do programa federal.
Sem dar detalhes, reclamou da proposta de formação de professores, que "o MEC quer obrigar" a implantar. Ela disse, porém, que as metas do programa são boas. O MEC disse que não irá impor um modelo único de preparação de docentes - só exigirá que haja formação.
Outro lado
Procurado pela Folha, Haddad, por meio de sua assessoria de imprensa, disse apenas ter recebido uma telefonema de Serra, e que conversaram sobre os resultados do Pisa e a possibilidade de adesão ao PDE.
O presidente do Inep, Reynaldo Fernandes, afirmou que a aplicação do Pisa no Brasil permite, sim, a divulgação dos dados por Estado. Segundo ele, a metodologia mudou em relação à época em que Paulo Renato era ministro. Ainda assim, ele reconhece que houve problemas em alguns locais.
Colaboraram as sucursais do Rio e de Brasília
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http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff0612200720.htm
São Paulo, quinta-feira, 06 de dezembro de 2007
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice No pé do ranking, aluno brasileiro acha que sabe mais ciência do que finlandeses ANTÔNIO GOIS Quando fazem as provas de ciências do Pisa (exame internacional divulgado anteontem que compara o desempenho de jovens de 57 países), os alunos brasileiros ficam nas últimas posições. No entanto, ao serem questionados sobre o próprio conhecimento da disciplina, eles se mostram mais confiantes até mesmo do que os líderes do ranking, os finlandeses. |
sexta-feira, novembro 02, 2007
Enquadramentos
Enquadramentos
(Imagens retiradas do filme El Sur de Granada, de Fernando Colomo, Espanha, 2002)
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SP admite erro em registro de roubo a banco
Estatísticas oficiais do governo registraram menos da metade dos casos apontados pela Febraban; secretário mandou revisar dados
Marzagão nega que os números tenham sido manipulados para baixar as estatísticas e crê em falha nos distritos policiais
DO "AGORA"
DA REPORTAGEM LOCAL
"Temos fortes indícios de que esses índices [do governo] não estejam corretos", afirmou o secretário da Segurança Pública, Ronaldo Marzagão.
Ele disse ontem que determinou que todos os números de roubo a banco divulgados desde 2004 fossem revisados. O governo paulista divulga esses dados desde o quarto trimestre de 2004.
O crime de roubo a banco registra uma tendência de crescimento, mas o governo paulista nega que os números tenham sido manipulados para baixar as estatísticas.
Pela contabilidade da secretaria, foram 67 roubos a banco na capital paulista em 2005 e 122 em 2006. Os números da Febraban são bem maiores: 193 ocorrências na cidade de São Paulo em 2005 e 274 casos no ano passado. Nessa comparação, 278 roubos a banco ficaram de fora das estatísticas.
As maiores diferenças foram registradas no primeiro e no terceiro trimestres de 2006. Entre janeiro e março do ano passado, ocorreram 77 roubos, segundo a Febraban, mas a secretaria só computou 29.
Entre junho e setembro, foram 81 ocorrências apontadas pela federação, enquanto o governo só divulgou a existência de 47 episódios.
Mas a diferença entre os números oficiais e os dados do setor bancário pode ser ainda maior. Segundo a assessoria de imprensa da Febraban, as instituições bancárias não são obrigadas a fazer o registro do roubo na federação e casos podem ter ficado de fora.
A Febraban salientou também que as instituições bancárias fazem o registro de todos os casos na polícia e não soube informar o motivo da diferença dos números.
Marzagão tentou afastar a possibilidade de o erro ter sido cometido pela CAP (Coordenadoria de Análise e Planejamento), órgão ligado ao gabinete do secretário que organiza os dados criminais.
Segundo o secretário, a probabilidade maior é de que a falha tenha ocorrido na origem: os distritos policiais. "O equívoco, se confirmado, foi cometido na fonte, de quem mandou a informação", afirmou.
Marzagão, porém, não determinou a reavaliação das estatísticas de outros crimes porque, segundo ele, não há informações reais de que esses números tenham sido adulterados. "Se essa hipótese for levantada, também posso determinar essa avaliação."
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terça-feira, outubro 30, 2007
O oportunismo aborteiro de Sérgio Cabral
O governador que fez vasectomia sugere aborto para desativar a "fábrica" de marginais da favela |
QUANDO O GOVERNADOR Sérgio Cabral usou o trabalho do economista Steven Levitt ("Freakonomics") para defender o aborto como política de segurança pública, dizendo que a favela da Rocinha "é uma fábrica de produzir marginal", juntou, num só "bonde", oportunismo, impostura e ignorância.
Cabral é oportunista porque, em setembro de 1996, quando era candidato a prefeito do Rio, descascou seu adversário, Luiz Paulo Conde, por defender o aborto. Nas suas palavras: "Conde foi leviano. O que o Rio precisa é melhorar o atendimento na saúde". Continua oportunista ao tentar reescrever o que disse ao repórter Aluizio Freire, do portal G1, onde sua entrevista está conservada na íntegra.
Cabral praticou uma impostura quando embaralhou uma questão de direito -a decisão da Corte Suprema que, em 1973, legalizou o aborto nos Estados Unidos-, com as estatísticas do crime nos anos 90. A Corte decidiu uma dúvida constitucional: o direito da mulher de interromper a gravidez. Esse é o verdadeiro e único debate do aborto. Nada a ver com o propósito de fechar (ou abrir) "fábrica de produzir marginal". Levitt, por sua vez, indicou que o aborto foi responsável por até 50% da queda na criminalidade americana. Em momento algum apresentou-o como alternativa de controle da natalidade.
Pelo contrário, qualificou-o como "um tipo de seguro rudimentar e drástico". Cabral submeteu-se a uma vasectomia e não terá mais filhos (teve cinco).
Tanto Levitt como a Corte Suprema não atravessaram a linha que o doutor transpôs, vendo no aborto uma modalidade de política pública capaz de produzir segurança. Uma coisa é dizer que houve uma relação de causa e efeito entre a liberação do aborto e a queda da criminalidade. Bem outra é associar o aborto às políticas de segurança pública.
A teoria de Cabral sustentou-se na ignorância. Ele disse que a Rocinha tem taxas de fertilidade africanas. Besteira, elas equivalem à metade.
Em 2000, o número médio de filhos nas favelas cariocas (2,6) era superior ao dos outros bairros do Rio (1,7), mas ficava próximo da estatística nacional (2,1). Quem acha que o problema da segurança está na barriga das faveladas, deve pensar em mudar de planeta. A taxa dos morros do Rio é a mesma do mundo.
Nos anos 70, muitos sábios sustentavam que o Brasil precisava baixar sua taxa de fertilidade (5,8) para distribuir melhor a riqueza. Passou-se uma geração, a fertilidade caiu a um terço (1,9) e o índice de Gini, que mede as desigualdades de renda, passou de 0,56 para 0,57, chegando ao padrão paraguaio. Nasceram menos brasileiros, mas não se reduziu o fosso social.
A tropa de elite pode acreditar que se aprimora a segurança pública com o capitão Nascimento cuidando dos morros e o governador Cabral dos ventres. As contas de Levitt são honestas, suas conclusões são rigorosas e "Freakonomics" é um ótimo livro. Aplicando-se a outros números de Pindorama o mesmo tipo de tortura cerebrina a que Cabral submeteu as conclusões do economista americano, seria possível dizer que a queda de 67% na taxa de fertilidade nacional provocou um aumento de 300% nos homicídios no Rio de Janeiro.
Serviço: o artigo "The Impact of Legalized Abortion on Crime" , de Steven Levitt e John Donohue 3º, está na internet, infelizmente em inglês. É melhor do que o resumo publicado em "Freakonomics".
O TUCANATO E SUA PRIVATARIA DA GIRAFA A Agência Reguladora de Transportes de São Paulo, dirigida pelo doutor Carlos Eduardo Sampaio Dória, ex-presidente da Câmara Municipal da capital, ex-deputado federal e ex-presidente da falecida Telesp, contestou uma nota publicada aqui na semana passada. Nela, sob o título de "Girafa", o signatário considerava esquisitas as condições da prorrogação, em 2006, de dez contratos de concessões rodoviárias que venceriam em 2008. Um deles foi estendido até 2018. O mimo, sacramentado ao apagar das luzes do governo de Cláudio Lembo, assegurou às concessionárias a taxa média de lucro de 20% ao ano, fixado em 1998.
A Agência oferece uma informação relevante a respeito dos critérios que orientaram as exigências e a taxa de lucro das concessionárias: "Foram ambos fixados unilateralmente pelo Estado na origem das concessões, independentemente da conjuntura econômica da época".
Como a variável macroeconômica ficou de fora, o tucanato e as empreiteiras ficam dispensados de repetir que a taxa de lucro médio de 20%, contratada em 1998, deveu-se às incertezas da ocasião. Se entre 1998 e 2006 a taxa de juros caiu de 28% para 12%, azar da patuléia. Os pedágios paulistas, prorrogados até 2018, continuarão a ser os mais caros do país, de longe.
O texto da semana passada tinha o título de "Girafa" em homenagem ao ruminante de cabeça pequena e pescoço grande, que come no andar de cima das árvores. (É lenda a história segundo a qual ela usa a língua para limpar as orelhas.)
FINAS MEMÓRIAS
Saiu um livro precioso nos Estados Unidos. É o diário de Arthur Schlesinger Jr. Ele morreu em fevereiro, aos 89 anos, depois de ter lecionado em Harvard, trabalhado com o presidente John Kennedy e vivido no pedaço mais inteligente e divertido do andar de cima mundial. Dificilmente será editado no Brasil. Aqui vão quatro pedaços dessas memórias de um homem brilhante, cortesão, fofoqueiro e pérfido:
Chelsea Clinton
Do senador republicano John McCain sobre a filha do ex-presidente: "Sabe por que ela é tão feia? Porque é filha ilegítima de Hillary Clinton com Janet Reno". (A senhora Reno, procuradora-geral no governo Clinton, é um armário.)
Lyndon Johnson
Exemplo de empatia com uma platéia dado pelo presidente Johnson ao redator de um discurso para o lançamento de um programa de assistência odontológica: "Quero que você escreva um texto capaz de levar uma velha desdentada da primeira fila a sentir minha mão debaixo de sua saia".
Hillary Clinton
O ator Gregory Peck viu-se sentado numa mesa onde Hillary Clinton estava ladeada por dois professores: "A senhora não tem idéia do prestígio que dá aos acadêmicos sentando-se entre dois deles, quando podia estar ao lado de Gregory Peck". Hillary: "Mas daqui eu passo o jantar olhando para Gregory Peck".
Vinho branco
Sobre coquetéis onde não é servido uísque: "A teoria segundo a qual depois de um dia de trabalho o sujeito precisa de um copo de vinho branco parece-me mais uma prova da decadência da nova geração".
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domingo, junho 17, 2007
O Diário - Temos a informação de que FCA vai desativar o trecho ferroviário entre o Rio e Cachoeiro do Itapemirim, mas a assessoria de Comunicação da empresa nos informou que as demissões fazem parte de um plano de reestruturação, enquanto faz uma avaliação do fluxo de cargas na região. Mas é preciso demitir para reestruturar?
Spinelli - Não podemos desativar o ramal. Temos um contrato de concessão para transporte de cargas. Infelizmente a empresa tem agora a necessidade de alguns desligamentos que fazem parte de um programa de reestruturação. Estamos fazendo uma avaliação do plano do fluxo de cargas, e neste momento, por uma necessidade estratégica de sobrevivência da empresa, como ocorre com outras em momentos especiais, precisamos dar um passo atrás, para depois, darmos muitos outros adiante, com firmeza.
Spinelli - Ainda estamos avaliando e, no momento, a empresa cuida da reestruturação. Claro que a empresa não faz desligamentos sem razão, até porque temos um plano de valorização dos recursos humanos, levado a sério com filosofia da responsabilidade social. No momento certo, as coisas voltam à normalidade.
Spinelli - A Compahia Vale do Rio Doce faz sua gestão num processo claro de governança corporativa, e a empresa não tem nenhuma interferência na decisão da FCA.
Spinelli - Eu seria leviano se falasse em prazo agora. Mas como disse, estamos recuando agora, porque é hora de dar um passo atrás, e daqui a pouco, estaremos dando passos, firmes, à frente.
Spinelli - É uma questão de fluxo de cargas e custos de manutenção. No caso do trem de combustível o desinteresse parte do cliente. Recentemente, há pouco mais de dois anos, transportávamos 22 milhões de toneladas/mês, e agora caiu para seis milhões de toneladas/mês. Por isso estamos analisando.
Spinelli - A empresa deve ter optado por outro modal (por rodovia, por exemplo). Existia no Brasil um falso domínio e vantagens vistos no transporte ferroviário, mas depois da privatização, com as exigências da agência reguladora dos transportes neste setor (ANTT), a coisa mudou. As exigências e os custos para manter a operação de cargas por ferrovias encarece este modal. A empresa precisa investir muito e nem sempre as demandas não justificam os investimentos.
Spinelli - A FCA sobrevive de transporte de cargas de clientes. Mas precisamos avaliar o fluxo de cargas e isso está sendo realizado.
Spinelli - Você está me falando de coisas que sinceramente eu desconhecia. Mas para cada cliente há necessidades especiais para atendimento. Você não pega a carga dele num lugar e entrega onde ele precisa, com a mesma facilidade que se faz no modal rodoviário (via caminhões), que tem logística mais simples. A FCA é uma empresa de transporte de cargas e precisamos de cargas para sobreviver. É por isso que estamos analisando o fluxo de cargas para viabilizar a reestruturação da empresa.
A decisão de parar a circulação de trens de cargas na região de Campos, com o fechamento de oficinas e estações estratégicas para o modal ferroviário, como a estação de Praia Formosa (no porto do Rio de Janeiro), a de Macaé, (que atende a base de negócios da Petrobras) e a de Cachoeiro do Itapemirim (ES) foi uma decisão que atende aos interesses da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), mineradora que se tornou acionista majoritária da Ferrovia Centro Atlântica (FCA) e que concentra suas atividades de negócios no eixo Vitória-Minas. A denúncia é dos maquinistas demitidos e é guardada com reservas pelo presidente do Sindicato dos Trabalhadores Ferroviários do Estado do Rio de Janeiro, Paulo de Tarso Pessanha Ferreira, que defende os interesses dos 65 ferroviários demitidos, em Campos, na manhã desta segunda-feira. O Diário ouviu, ontem, o diretor-presidente da FCA, Marcello Spinelli, que até, recentemente, era o gerente de Intermodal da CVRD.
Os maquinistas demitidos lembram, desconfiados, que a FCA chegou "a investir pesado" no denominado Corredor Campos (entre o Rio e Campos), fazendo a reestruturação da ferrovia. Entretanto, segundo relatam, depois a Vale do Rio Doce mudou de planos. "A partir do momento que a Companhia Vale do Rio Doce conseguiu adquirir a maior parte das ações da FCA, a empresa passou a reduzir, gradativamente, o número de clientes, e, conseqüentemente, o número de vagões em circulação. Até o trem de combustível que durante muitos anos era um dos grandes contratos de frete com Petrobras, foi relegado. A Petrobras fez de tudo para renovar o contrato com a FCA, mas a empresa fez uma série de exigências, colocando dificuldades para continuar com o frete porque o objetivo era mesmo acabar com os trens e desativar a operação de cargas. Isso foi feito com outras empresas interessadas em transportar suas cargas de Campos para Porto das Caixas e para o Rio", acrescentaram dois maquinistas, que pediram para preservar suas identidades.
Decadência da ferrovia. O que parecia inacreditável para os últimos ferroviários da Ferrovia Centro Atlântica (FCA) em Campos, remanescentes da Rede Ferroviária Federal SA (REFFSA) - aconteceu na manhã de ontem: os ferroviários foram demitidos, sumariamente, e a FCA torna inativo o principal trecho da antiga e histórica linha tronco Rio-Vitória, que faz a ligação dos portos de Praia Formosa (Rio) e Tubarão (Vitória). Foram demitidos 65 ferroviários e o trem petroleiro que abastece de combustíveis Campos e cidades do Norte Fluminense e ainda cidades do Espírito Santo e Minas, está retido em Macaé com duas locomotivas e vagões-tanques, com cerca de 560 mil litros de óleo diesel com destino a base Cacomanga, da Petrobras, em Campos.
Demissão matutina - Às 8h30 de ontem, maquinistas, auxiliares de maquinistas, mecânicos e eletricistas estavam demitidos. Os maquinistas demitidos informaram que "todos os procedimentos do transporte ferroviário de cargas estão desativados desde sexta-feira", informaram. "Pararam as estações de Campos, Cachoeiro e Praia Formosa, no Rio. Dos cerca de 25 funcionários da oficina de Campos, a maior parte foi demitida; cinco foram transferidos para Recreio (MG) e oito funcionários permanecem na oficina até final de junho, quando, segundo dirigentes sindicais, a empresa vai desativar os serviços de manutenção", informou o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Ferroviários do Estado do Rio de Janeiro (STFRJ), Paulo de Tarso Pessanha Ferreira, que veio do Rio de Janeiro para tentar evitar as demissões e que acabou impedido de entrar na empresa, pela manhã.
Contudo, a assessora, ratificou por telefone, a informação de um sindicalista, sobre o fim do trem de passageiros, que transporta moradores de Guarus para a antiga Estação da Leopoldina.
O diretor do Sindicato dos Ferroviários, Gabriel Almeida informou que o trem de pasageiros somente continua funcionando até o dia 15 de junho, por força de um contrato provisório com a Prefeitura de Campos.